quarta-feira, 2 de março de 2011

A ARTE DO ESPETÁCULO.

Estou relendo Galeano, A Escola do Mundo às Avessas, e refletindo sobre a sociedade e quais valores ela tem e quais deseja ter.

"Quem não tem não é: quem não tem carro, quem não usa calçado de marca ou perfumes importados, finge existir. Economia de importação, cultura de impostação: no reino da tolice, todos estamos obrigados a embarcar no cruzeiro do consumo, que sulca as agitadas águas do mercado. A maioria dos nave­gantes está condenada ao naufrágio, mas a dívida externa paga, à conta de todos, os bilhetes dos que podem viajar. Os empréstimos, que permitem atafulhar com novas coisas inúteis a maioria consumidora, agem em favor da boa-pinta das nossas classes médias e da mania de copiar das nossas classes altas; e a televisão encarrega-se de transformar em necessidades reais, aos olhos de todos, as procuras artificiais que o Norte do mundo inventa incessantemente e, com êxito, projecta sobre o Sul. (Norte e Sul, diga-se de passagem, são termos que, neste livro, designam a repartição do bolo mundial e nem sempre coincidem com a Geografia.)".

O importante não é ser, é ter. Quem tem é, que não tem, não existe.
Compromisso com a solidariedade e a partilha, é algo sem importância.
Os bonitos se relacionam, os feios se escondem.
A arte da valorização da estética, e não da Alma.
Parecer ter (ou seja, parecer ser rico e bem sucedido) é mais importante do que Ser(gentil, educado, trabalhor) na realidade.
Compaixão, colaboração e defesa dos que mais precisam, não é mérito, nem valorizado.

O importante é o cada um por sí, e a seleção natural que se responsabilize pelos que menos tem.

EMIR SADER

Deixei o blog um pouco de lado, mas agora volto com força total!

Hoje não é um dia comum que apenas senti uma luz e quis escrever, tenho um assunto em especial: EMIR SADER e sua não indicação a direção da Fundação Casa de Rui Barbosa.

Emir Simão Sader (São Paulo, 13 de julho de 1943) é um sociólogo e cientista político brasileiro. De origem libanesa, é graduado em Filosofia pela Universidade de São Paulo, mestre em filosofia política e doutor em ciência política por essa mesma instituição. Nessa mesma universidade, trabalhou ainda como professor, inicialmente de filosofia e posteriormente de ciência política. Trabalhou também como pesquisador do Centro de Estudos Sócio Econômicos da Universidade do Chile e foi professor de Política na Unicamp. Atualmente, é professor aposentado da Universidade de São Paulo e dirige o Laboratório de Políticas Públicas (LPP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, onde é professor de sociologia. É autor de "A Vingança da História", entre outros livros.
Pensador de orientação marxista, Sader colabora com publicações nacionais e estrangeiras e é membro do conselho editorial do periódico inglês New Left Review. Presidiu a Associação Latino-Americana de Sociologia (ALAS, 1997-1999) e é um dos organizadores do Fórum Social Mundial.

Com todo este gabarito, nada mais correto do que este sociólogo excercesse um cargo governamental, ligado a cultura, aos debates políticos, ao desenvolvimento social. Assim,"Consultado sobre a possibilidade de assumir a direção da Fundação Casa de Rui Barbosa, elaborei proposta, expressa no texto “O trabalho intelectual no Brasil de hoje”. No documento proponho que, além das suas funções tradicionais, a Casa passasse a ser um espaço de debate pluralista sobre temas do Brasil contemporâneo, um déficit claro no plano intelectual atual" - o que Sader propunha eram debates abertos e gerais sobre os temas que afligem o Brasil: distribuição de renda, educação, cultura, saúde e saneamento, ouvir a população, trazê-la para perto das estruturas públicas, intregá-la ao processo de decisão das políticas públicas.

Mas, para nossa velha direita, isto não é algo "necessário", desejam que a população de aquiete e se acovarde diante dos problemas, por isto a festa diante da não nomeação de Emir Sader ao cargo.

Perde o povo, perde o país. Descansa a direita (mas por pouco tempo).